Nietzsche-Studien, 21, 1992, p. 28-49. [ Links ], MULHALL, Stephen & SWIFT, Adam. ANSELL-PEARSON, Keith (Ed.). De Gruyter (Ed.). Nosso próprio julgamento é somente a extensão [Fortzeugung] de [julgamentos] alheios combinados! Que tipo de engajamento na linguagem permitiria que particularidades fossem pensadas e ditas? Contra a alegação socrática de que o conflito de impulsos que nos constitui só pode ser ponderado (moderado) pela eliminação (ou ao menos pela redução) do nosso antagonismo interior, Nietzsche sugere que nosso antagonismo interior pode ser contido através de relações externas de um antagonismo ponderado com outros que têm forças aproximadamente iguais às nossas. O que está em questão nesta passagem são nossos julgamentos morais negativos no que toca aos nossos próprios impulsos. Vernatürlichung der Moral" [Em vez de valores morais, só valores naturalistas. 06 de Dezembro de 2015,  Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons, Rodovia Porto Seguro - Eunápolis/BA BR367 km10, https://doi.org/10.1590/2316-82422016v37n1hs. O egoísmo ingênuo do animal foi completamente alterado por nossa integração social: nós já não podemos sentir a singularidade [Einzigkeit] do ego, nós estamos sempre entre muitos. Princeton: Princeton University Press, 1996, p. 245-256. Dessa maneira, essa anotação ilustra como o "erro categorial" de discutir moralidade em termos fisiológicos pode servir a Nietzsche como uma estratégia textual para atravessar [crossing-out], ou pelo menos resistir, à regra de similitude da linguagem, assim como para falar de uma perspectiva particular: a particularidade, como o fundamento da demanda por uma moral radicalmente individual, é ela mesma fundada nas condições de existência específicas de cada forma-de-vida única. Assim: É no modo como as primeiras formas [Bildungen] orgânicas sentiram estímulo e julgaram o exterior que o princípio de preservação da vida deve ser procurado: que crença prevaleceu, preservou a si mesma, através da qual a existência contínua se tornou possível; não a crença mais verdadeira, mas a mais útil. No momento, concentrar-me-ei no primeiro ponto, que surge quase como uma ideia adicional na explicação de Nietzsche da emergência do indivíduo a partir do organismo social. o estado não é, em suas origens, algo que oprime os indivíduos: estes nem sequer existem! Nietzsche’s Critique of Staticism Introduction to Nietzsche on Time and History Manuel Dries Motion must first disappear, i.e. O segundo ponto estará localizado no contexto da reconstrução fisiológica nietzschiana do indivíduo como dividuum no § IV. MÜLLER-LAUTER, Wolfgang"Der Organismus als innerer Kampf. completa desrazão (völlige Unvernunft), como compreender a relativa [...] (Nachlass/FP 6[58], KSA 9.207). Revisão Técnica de Rogério Lopes. A soberania nietzschiana é não-soberana no sentido de que ela depende do cultivo de certas relações com os outros; ela está profundamente enraizada e é inteiramente relacional por definição. "(Self-)legislation, Life and Love in Nietzsche's Philosophy". Por anos eu tenho tido relações sociais com pessoas e eu tenho levado a autonegação e a polidez tão longe a ponto de nunca falar de coisas que estão perto do meu coração. Würzburg: Königshausen & Neumann, 1998. Para a última posição de Rawls, OWEN, David. 9 Junto com a insensibilidade e a repugnância ao natural, há uma atração pelo natural como "Nietzsche and the Temporality of self-Legislation". [ Links ], MOUFFE, Chantal. Ao enfatizar as origens sociais de nossos fins e valores morais, esses textos solapam a afirmação liberal de que a pessoa [personhood] é separada dos fins e valores escolhidos de forma livre e independentemente da sociedade. [...] (Nachlass/FP 11 [270], KSA 9.545; cf. Nietzsche". lead to a static effect before it appears to our feel-ing. "Uma ação má". Que Nietzsche deseja promover uma alternativa viável ao conceito liberal de liberdade fica claro a partir do modelo orgânico de soberania que inicia o texto. e sua longa pré-história na nossa existência enquanto órgãos individuais prévios de um organismo social. (Nachlass/FP 11[128] KSA 9.488). Nietzsche, Freud, Marx. Nietzsches omduiding van het substantiebegrip, Maastricht: Shaker, 2003. Mas o efetivo mecanismo de imitação ou internalização, tal como Nietzsche o descreve, tem também o efeito de livrar a natureza humana de quaisquer qualidades ou sentimentos morais. Uma vez que "wir haben die "Gesellschaft" in uns verlegt" ["Nós internalizamos a sociedade"], nós nos relacionamos conosco mesmos em termos completamente socializados: Nós dirigimos todos os habituais impulsos bons e maus contra nós mesmos: pensando em nós mesmos, sentindo a favor e contra nós [Empfinden für und gegen uns] a luta que ocorre em nós - nunca nos consideramos indivíduos, mas sim dois ou uma multiplicidade; nós exercemos em nós mesmos todas as práticas sociais (amizade, vingança, inveja). E o que é mais significativo, elas são frequentemente atribuídas ao próprio Nietzsche por aqueles que o veem como um defensor do individualismo autárquico ou aristocrático. Nós veremos mais sobre isso nos §§ II-IV. Em segundo lugar, essas noções seguem conformando nossa autocompreensão cotidiana e pré-filosófica de agentes morais e políticos. FREEMAN, S. Irei examinar a tese de Nietzsche sobre as fontes sociais e históricas do eu - uma área do seu pensamento que não recebeu suficiente atenção - e reconstruí-la como um contra-argumento à concepção liberal de indivíduo. 11 Sobre a autolegislação radicalmente individual, cf. Como argumentei no § II, a virada fisiológica no discurso de Nietzsche não apenas naturaliza, mas também singulariza o conceito de soberania, referindo-se à autodeterminação dos processos de autorregulação que melhor permitem a uma dada forma-de-vida encontrar as condições de existência únicas a ela enquanto ser singular. Es dreht sich doch nicht alles um den Zustand ihrer Seele: denn über den denkt man nicht ohne Gefahr nach" ["Entre os pré-socráticos não encontramos ‚a mais desagradável pretensão à felicidade', como ocorre a partir de Sócrates. Friedrich Nietzsche. In. Nietzsche, associado ao Grupo de Estudos Nietzsche da USP, apresenta, em mais de 35 volumes publicados e cerca de 20 anos de publicações, apenas um artigo sobre uma 2 Seguem-se as siglas empregadas para as referências às obras de Nietzsche: KSA – Sämtliche Werke: 23 novos e 32 usados. A naturalização dos valores morais requer claramente uma compreensão naturalizada do ser humano, tarefa descrita em no parágrafo 230 de Para além de bem e mal, numa fórmula que se tornou célebre como a tarefa de "retraduzir o homem de volta à natureza" e de expor "o terrível texto básico homo natura" (JGB/BM 230, KSA 5.167). e MOUFFE, Chantal. 143-181. Cambridge: CUP, 2003, p. 460-487. 1414 "Einen Trieb haben und vor seiner Befriedigung Abscheu empfinden ist das "sittliche" Phänomen" (Nachlass/FP 6 [365], KSA 9.290). Assim, a igualdade predomina amplamente! Nesse contexto, a crítica de uma ontologia substancial toma a forma de uma desconstrução fisiológica do sujeito moral substancial, seguida da reconstrução fisiológica do sujeito como dividuum. 2. a pessoa é associal: os fins de uma pessoa são formados antes ou independentemente da sociedade; a sociedade não fornece a identidade, valores ou fins de uma pessoa, mas ela é antes o resultado de um contrato entre os indivíduos cujos fins são previamente dados. (Nachlaß Summer 1875, KSA 8, 9[1]) Em vez disso, quando julgamos um impulso como mau, é apenas porque o prazer de sua satisfação está misturado com desprazer ou aversão. 66 Em Nachlass/FP 9 [86], KSA 12.380, lemos: "[...] dem souverain gemachten Sittengesetz, losgelöst von seiner Natur ( - bis zum Gegensatz zur Natur - ) / Schritte der "Entnatürlichung der Moral" (sog. Alguém pode, no entanto, suspender o antagonismo entre seus sentimentos e interpretar isso como paz ou harmonia, através de estratégias que enfraquecem seus sentimentos e assim reduzem o veemente desacordo de seus antagonismos. o���M7��k�����p1/��W�����n�Mf�kӹs�зf��\�Ic�ۡ����j����19���eڱs��i�o��K�,\kS�õN�����|����G�:��Y���o�[�����DKR��a �$/�%�Y�+� 1717 Cf. Trad. Der souveräne Begriff" ["Sócrates. Mas como um órgão, seres humanos assimilam também os interesses, as necessidades, as "experiências e julgamentos" do organismo, de modo que mais tarde, "quando os laços da sociedade se rompem", é possível reorganizar a si mesmo como um indivíduo autônomo ou organismo. Esses valores fundamentais tampouco são escolhidos livremente; eles são valores sociais ou comunais que articulam as necessidades comuns da sociedade ou comunidade à qual o indivíduo pertence. 1212 Cf. Série 00-2125 CDD-193 Índices paro catálogo sistemático: 1. [ Links ], ______. XIII (HOBBES, Thomas. Aqui o foco não é na consciência, mas nas necessidades comuns ou compartilhadas, com a tese de que a linguagem (palavras) significam sentimentos compartilhados ou agrupados [Empfindungen/Empfindungs-Gruppen]; isto é: experiências interiores [Erlebnisse] e necessidades [Bedürfnisse] não-únicas. o parágrafo final de Leviathan Ch. Nesse caso, é possível compreender a argumentação que vai de uma “tipologia da moral”, tal como Nietzsche escreve 2 As obras de Nietzsche são citadas conforme a edição crítica: NIETZSCHE, F. Sämtliche Werke. Mas isso levanta a seguinte questão: que sentido de liberdade individual ou soberania a sociofisiologia de Nietzsche deixa em aberto? Cada um de nós é, como Nietzsche escreveu em Schopenhauer como educador, "ein Unicum", um "seltsamer Zufall", um "wunderlich buntes Mancherlei", misturados numa "Einerlei" cuja tarefa é "nach eignem Maass und Gesetz zu leben" (SE/Co. 8 Sobre a concepção nietzschiana de gênio, cf. 11 [268], KSA 9.543). [ Links ], AYDIN, Ciano. ["ali nada mais resta senão eu comigo mesmo; o cuidado consigo mesmo se torna a alma da filosofia"]. O Nascimento da Tragédia Friedrich Nietzsche de: R$ 12,00 até: R$ 200,10. Mas não confundir altruísmo como seu oposto! também Katrin Meyer sobre Nietzsche defender um ataque aos conceitos epistemológicos de ser, substância etc., nascido de seu engajamento da juventude com os pré-socráticos (MEYER, Katrin. The rigidity, the universalism, and the ineradicable moral connotations of law conflict with the dynamic, pluralistic and a-moral character of life for Nietzsche. ̬Y� Sobre a (pré) história e a constituição social de nossas capacidades como indivíduos autônomos. De fato, esse é praticamente o único modo em que eu tenho vivido com as pessoas. Górgias. No contexto da crítica nietzschiana de uma ontologia substancial, isso envolve reescrever nossa relação conosco mesmos sem pressupor uma unidade ou identidade subjacente, partindo ao invés disso de uma multiplicidade originária. Encontre diversos livros escritos por Magnus, Bernd, Higgins, Kathleen M. com ótimos preços. Yet they overcame sheer natural forces of destruction by selectively ordering them in their practi- ces, cults, and festival days. Mas o que é notável nessa explicação não é tanto a redescrição de nossa relação conosco mesmos como uma internalização de relações sociais, mas sim a ênfase no conflito e na autodivisão ("a favor e contra"). *Professor Associado da Leiden University, Holanda. Ir além do "eu" e "tu"! Esse pensamento é abordado no Fragmento póstumo 6 [58], discutido acima, no qual Nietzsche descreve o correlato sociopolítico da estratégia socrática de minimizar a discordância de nossos sentimentos: - Assim é na vida social: se tudo deve proceder altruisticamente, então as oposições entre indivíduos devem ser reduzidas a um mínimo sublime: de modo que todas as tendências hostis e tensões através das quais o indivíduo mantém a si mesmo como indivíduo [durch welche das Individuum sich als Individuum erhält] mal são percebidas, o que quer dizer: os indivíduos devem ser reduzidos à mais delicada tonalidade de individualidade! GC, I - V A Gaia Ciência KSA, 8 Demais fragmentos do período entre 1875 e 1879 KSA, 9 Demais fragmentos do período entre 1880 e 1882 ZA I - IV Assim falou Zaratustra. Mas em Para além de bem e mal 268, há também uma sugestão de como ele procura comunicar a alteridade de suas próprias experiências e necessidades particulares: Os homens mais semelhantes, mais costumeiros, estiveram e sempre estarão em vantagem; os mais seletos, mais sutis, mais raros, mais difíceis de compreender, esses ficam facilmente sós, em seu isolamento sucumbem aos reveses, e dificilmente se propagam. Em si mesmos, eles sequer são sentidos [empfunden] por nós como sendo bons ou maus. A ideia de que isso possa ser o resultado de sentimentos morais internos que se relacionam com nossos impulsos é descartada em favor de um processo de socialização: a aversão para com a satisfação de um impulso é sentida na medida em que uma proibição social é internalizada na forma de um "sentimento de proibição e aflição" que acompanha sua satisfação. 1616 Górgias 482c: "Me fora preferível [...] não concordar com minhas opiniões a maioria dos homens, e combatê-las, a ficar em desarmonia comigo mesmo e vir a contradizer-me" (PLATÃO. 1) Autorregulação: sob a forma de medo de toda interferência estrangeira, no ódio contra [gegen] os inimigos, moderação etc. (KSA) Hrsg. Nietzsche formula não apenas uma forte crítica do conceito de pessoa [personhood] associal e previamente individuada, como também uma concepção alternativa e positiva de pessoa [personhood]. A Companion to Nietzsche. In. (Ed.). Pois no que concerne às origens sociais e à função da (auto) consciência a implicação do argumento é que nós somos indivíduos (auto) conscientes apenas na medida em que somos indivíduos sociais. Veja também as notas sobre "Wissenschaft und Weisheit und im Kampfe" ["Ciência e Sabedoria em conflito"]: Nachlass/FP 6 [13], KSA 8.102 "Von Sokrates an: das Individuum nahm sich zu wichtig mit einem Male" ["A partir de Sócrates: o indivíduo toma a si mesmo como demasiadamente importante, pela primeira vez"]; Nachlass/FP 6 [15] KSA 8.103: sobre os filósofos pré-socráticos: "Bei ihnen hat man nicht "die garstige Pretension auf Glück", wie von Socrates ab. und Nietzsche Briefwechsel Kritische Gesamtausgabe, Berlin/New York, Walter de Gruyter, 1975ff., herausgegeben von Paolo D’Iorio. É importante perceber que, de acordo com Nietzsche, essa estratégia para alcançar a harmonia ou paz interior aparece de mãos dadas com a estratégia de autossubmissão ao "conceito soberano"18 (a lei moral) atribuída aos primeiros filósofos morais [Ethiker] na sociofisiologia de Nietzsche (Nachlass/FP 11 [182], KSA 9.511), discutida no § II. Social Research 57/1 (Spring), 1990, p. 73-103. Em Para além de bem e mal 268, Nietzsche retoma a discussão sobre as origens sociais da linguagem e suas consequências. Em si mesmos nossos impulsos não são bons nem maus. 7 Cf. [ Links ], HOBBES, Thomas. No Fragmento póstumo 11 [182], como vimos, ele escreve sobre o conformismo e a servidão ao longo do caminho dos filósofos morais. Retomaremos essas questões no § IV. Essa implicação milita claramente contra o conceito liberal de indivíduo como associal e previamente individuado. Über Werden und Wille zur Macht, Nietzsche-Interpretationen I Berlin/New York: Walter de Gruyter, 1999, p. 97-140. A ontologia social dinâmica e plural na qual se funda o conceito de soberania de Nietzsche rompe com a metafísica substancial sobre a qual repousa a noção de pessoa associal e previamente individuada. A Arqueologia do Saber; trad. Como partes de um todo, nós tomamos parte nas condições da existência e funções do todo, e incorporamos [einverleiben uns] as experiências e julgamentos feitos nesse processo. Nachlass/FP 16 [17] KSA 7.399: "Socrates. Fragmentos Póstumos, KSA 13, 492 NF 16(32). Princeton: Princeton University Press, 1996, p. 245-256. Sobre as origens sociais dos sentimentos morais. Primeiro a sociedade educa o ente singular [das Einzelwesen], o pré-forma em meio - ou indivíduo inteiro -; ela não é formada de entes singulares, nem do contrato entre eles! 13 "um único", um "raro acaso", "uma multiplicidade milagrosamente reunida", misturadas numa "unicidade" cuja tarefa é "viver conforme uma medida e uma lei". Nesta segunda fase da narrativa de Nietzsche, "quando os laços da sociedade se rompem", os primeiros indivíduos experimentais, ou "Versuchs-Individuen", afirmam a si mesmos como soberanos. Trad. Universitária do Pará, 2002. Friedrich Wilhelm Nietzsche (/ ˈ n iː tʃ ə, ˈ n iː tʃ i /; German: [ˈfʁiːdʁɪç ˈvɪlhɛlm ˈniːtʃə] or [ˈniːtsʃə]; 15 October 1844 – 25 August 1900) was a German philosopher, cultural critic, composer, poet, and philologist whose work has exerted a profound influence on modern intellectual history. Na primeira fase de sua obra, Nietzsche registra a crítica de Schopenhauer, de 1868, focada no conceito de unidade e aponta que essa unidade é projetada do campo fenomênico para o campo noumênico. Die Philosophen als Moralisten: sie untergraben den Naturalismus der Moral" [Crítica da filosofia. Em um desses textos, Nietzsche contesta a noção de consciência [das Gewissen] como uma norma interna à qual poderíamos recorrer como um padrão privilegiado [gold standard] para avaliar ações e opiniões. Recebido: Cambridge: CUP, 2003, p. 460-487. A partir do texto acima fica claro que Nietzsche dá preferência ao veemente antagonismo de nossos impulsos, e não à sua redução a uma paz indiferente, como a chave para uma pluralidade de indivíduos vibrantes e fecundos. "Der Organismus als innerer Kampf. 44 Para "naturalização da moralidade" cf. Em particular, o conceito liberal de liberdade individual como um poder primordial ou "direito natural" dos indivíduos que carecem de proteção contra o constructo artificial do estado é descartado. **Professor Adjunto da UDP, Chile. De modo geral, ele argumenta que essas "verdades" possuem valor seletivo ou de sobrevivência, isto é, possuem valor como meios de preservação da vida orgânica, mas nem por isso são verdades. Correio eletrônico: hwsiemens@hotmail.com. London: Sage, 1995, p. 133-138. A validade dessas acusações, como críticas a Rawls, tem sido objeto de muita discussão3, mas para meu propósito isso é de importância secundária. These arguments are reconstructed along four main lines of thought: on the social origins and character of (self-)consciousness (§ I); on the (pre-)history and social constitution of our capacities as sovereign individuals (§ II); on the social origins of moral phenomena, understood as internalisations of communal norms (§ III); and Nietzsche's physiological destruction of the substantial moral subject, coupled with the physiological reconstruction of the subject as dividuum (§ IV). A sociofisiologia de Nietzsche impossibilita que nossa capacidade racional seja abstraída de nossa existência incorporada, afetiva. 77 Para "Entmoralisierung", cf. Dossiê "Nietzsche e as Tradições morais". - Isso é dito com vistas a explicar o porquê de ser tão difícil entender escritos como os meus: as experiências interiores, avaliações e necessidades são outras [anderes] no meu caso. Em A gaia ciência 354, Nietzsche argumenta que o desenvolvimento da (auto) consciência está ligado a necessidades comunicativas, isto é, ao valor seletivo ou de sobrevivência da habilidade de comunicação por parte de animais humanos. Quando ele escreve: "as tensões e tendências hostis através das quais o indivíduo mantém a si mesmo como indivíduo", ele está conectando um forte antagonismo interior com um antagonismo exterior e interpessoal como sua condição. Por outro lado, encontramos em Nietzsche a contra-alegação construtiva de que a manutenção e o cultivo de nossas capacidades (para reflexão e agência soberanas) são dependentes de relações de um antagonismo ponderado entre nós mesmos enquanto indivíduos, ou antes: como dividua. À Profª Thelma Lessa, que, com todo o rigor, orientou minha pesquisa, apresentando-se como uma interlocutora lúcida e crítica que muito me auxiliou diante dos impasses desta investigação. This essay examines Nietzsche's thought on the social and historical sources of the self as a counter-argument against the liberal concept of the individual. Compre online Nietzsche, de Magnus, Bernd, Higgins, Kathleen M. na Amazon. Kritische Studienausgabe in 15 Bänden. Aspectos desse ideal político podem ser compreendidos nos tipos de relações descritas por Nietzsche no seu modelo orgânico de soberania, como no tópico "1) como autorregulação", onde o antagonismo aparece na forma de "medo de toda interferência estrangeira" e "no ódio contra [gegen] os inimigos". Segundo Nietzsche, como veremos, o desacordo ou alguma quantidade de conflito é necessária para o pluralismo genuíno. O ethos da autossubmissão ao conceito de lei moral permite ao indivíduo nascente impor medida e paz a seus impulsos, mas ele o faz à custa da sujeição e conformismo. cit., p. 154-164, MULHALL, Stephen & SWIFT. KSA 1: 271 8 Mais precisamente trata-se do texto NIETZSCHE, F. O Drama Musical Grego 1. Se essas linhas descrevem a história dos animais de rebanho que vieram a dominar na modernidade, Nietzsche também sugere uma alternativa. Este artigo examina as considerações de Nietzsche acerca das fontes sociais e históricas do eu como um contra-argumento à concepção liberal de indivíduo. (Nachlass/FP 11 [270], KSA 9.545). Nietzsche de: R$ 4,00 até: R$ 28,00. Inicio apresentando um esboço da visão de Nietzsche sobre as origens sociais e o caráter social da (auto) consciência, assim como dos tipos de problemas que decorrem disso. Seus argumentos visam mostrar, por um lado, que o indivíduo ou pessoa é inseparável de seus objetivos ou valores, que são socialmente constituídos, e que nossa capacidade como indivíduos, especialmente para a agência soberana, é o produto de uma longa história e pré-história social. ... 1.7 – Nietzsche e seu antípoda, Renan, 80 1.8 – Renan contra Strauss, 105 1.9 – Vie de Jésus, 115 1.9.1 – Crítica das fontes, 116 1.9.2 – O método de Renan, 119 Leviathan. Como pode o indivíduo ser resguardado do conflito destrutivo dos impulsos de modo alcançar a soberania? A crítica de Nietzsche a uma ontologia substancial acarreta a tarefa de explicar em termos naturalistas como nós viemos a tomar substâncias - a existência de coisas estáveis, incluindo o sujeito - como sendo verdades fundamentais e autoevidentes. de Carlos Alberto Nunes. Tudo isso implica claramente uma crítica da noção liberal de liberdade como o direito de escolher o conceito de bem, direito este associado a uma pessoa concebida como associal e previamente individuada. Isso é eutanásia, completamente infecundo! Ext. "Nietzsche contra Liberalism on Freedom". Ver Livros. Nachlass/FP 19[20], KSA 7.422: "Nach Sokrates ist das allgemeine Wohl nicht mehr zu retten, darum die individualisirende Ethik, die die Einzelnen retten will". Após Theory of Justice, a posição de Rawls leva em conta essas críticas. 2. Desse modo, na anotação acima o sujeito moral substancial é descrito como uma falsa unidade que é de fato ficcionalizada [zusammengefabelt] a partir da multiplicidade de "sentimentos", "julgamentos", "erros" ou "partes" do sistema-de-vida [life-system] real. Essas acusações afirmam que a noção de indivíduo formulada na posição original pressupõe que: 1. uma pessoa é previamente individuada: uma pessoa é o que ela é como pessoa independentemente dos fins ou valores que ela escolhe livremente; os fins que eu escolho não são constitutivos da minha identidade ou de quem eu sou. Traduzir a moralidade e o ser humano de volta à natureza é inútil se isso significa traduzi-los de volta a uma natureza moralizada. Não! Mais especificamente, exponho esta tese em contraste com duas conhecidas acusações endereçadas a Rawls por seus críticos. (Nachlass/FP 6 [204], KSA 9.251). DRIES, Manuel. ___. Esses argumentos serão desenvolvidos no que se segue em consonância com quatro principais linhas de pensamento: I. sobre as origens sociais e o caráter da (auto) consciência; II. Isso explica sua ética individualizada, que visa à salvação do indivíduo"]. GERHARDT, Volker. ["Para Sócrates não era mais possível salvar o bem-estar geral. I 8, KSA 1.207), seja por "sua quase dialética à la Lessing", seja pela "delicadeza, beleza e vigor de sua perspectiva estética", opinião comum tanto ao "teólogo sectário" quanto ao "ortodoxo mais escarniçado".